quarta-feira, junho 15, 2011

Passos Coelho, um "liberal" na política desde a adolescência

15 de Junho de 2011, 15:12
"Pedro Manuel Mamede Passos Coelho nasceu em Coimbra a 24 de julho de 1964, filho de um médico transmontano e de uma enfermeira do Baixo Alentejo. O presidente do PSD, hoje indigitado primeiro-ministro, dedicou-se à política desde a adolescência, tem 46 anos, é formado em economia e define-se como "reformista" e "liberal".
Viveu no Caramulo até aos 5 anos, quando a família decidiu mudar-se para Angola, onde Passos Coelho até aos 10 anos. Depois do 25 de Abril de 1974, regressou a Portugal, para a terra dos avós paternos, Valnogueiras, no concelho Vila Real.
Na recente campanha eleitoral para as legislativas de 5 de junho, Passos Coelho reclamou ser "o mais africano de todos os candidatos", pela sua ligação pessoal a África, por ter uma mulher guineense, Laura, e uma filha pequena que "também tem uma costela africana".
Foi em Vila Real que Passos Coelho se iniciou na política. Começou por participar num congresso da União dos Estudantes Comunistas (UEC), e aproximou-se depois da Juventude Social Democrata (JSD) aos 14 anos, a propósito de um campeonato de cartas.
Depois de exercer os cargos de secretário-geral e vice-presidente da "jota" entre 1984 e 1990, Passos Coelho foi presidente da JSD durante dois mandatos consecutivos, de 1990 a 1995, em pleno "cavaquismo".
Sem nunca ter exercido qualquer cargo governativo, esteve no Parlamento de 1991 a 1999, como deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.
Entre 1999 e 2008, esteve mais distante da vida política, com uma curta passagem pela direção social-democrata de Luís Marques Mendes, da qual foi vice-presidente, saindo por divergências políticas que não foram tornadas públicas.
Sobre a sua saída do Parlamento em Passos afirmou: "Não queria ficar empregado da política, não tinha lá estado com esse propósito, diga-se de passagem, nunca fui funcionário da política. Comecei a trabalhar aos 18 anos, fui pai aos 24, nunca ninguém na política me deu emprego, nunca pedi emprego para ninguém na política".
No PSD "pós-cavaquismo", Passos Coelho foi apoiante de Durão Barroso e Marcelo Rebelo de Sousa, nas eleições diretas do partido.
Em 2001, com 37 anos concluiu a licenciatura em economia pela Universidade Lusíada de Lisboa. Foi consultor da Tecnoforma e mais tarde ingressou no grupo Fomentinvest, da qual o ex-ministro da Administração Interna Ângelo Correia é presidente da comissão executiva. Passos Coelho deixou os cargos que exercia neste grupo depois de ser eleito secretário-geral do PSD.
A ascensão
Em 2005, foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Vila Real, tendo sido reeleito nas eleições autárquicas de 2009.
Depois de ter sido derrotado em 2008 por Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos Coelho foi eleito presidente do PSD nas diretas de 26 de março de 2010, que venceu com 61 por cento dos votos, derrotando Paulo Rangel, José Pedro Aguiar-Branco e Castanheira Barros.
Pelo meio, criou um grupo de reflexão política "Construir Ideias", e escreveu um livro, "Mudar", editado em janeiro de 2010 pela Quetzal.
Depois da demissão de José Sócrates no início do ano, e com o país a braços com a maior crise dos últimos anos, Passos Coelho era o candidato natural a primeiro-ministro pelos sociais-democratas, nas legislativas de 5 de junho. Muitos criticaram a sua inexperiência política para o cargo, outros aplaudiram uma cara nova.
Sob o slogan "Mudar Portugal", ganhou as legislativas de 5 de junho com 38,63% dos votos. Não chegando para governar em maioria, Passos aliou-se ao CDS-PP de Paulo Portas, num acordo de coligação parlamentar.
O novo primeiro-ministro de Portugal tem pela frente um dos maiores desafios alguma vez impostos a um governo português: fazer cumprir as medidas do plano de ajuda externa a Portugal num curto espaço de tempo.
Casado pela segunda vez, pai de três filhas, Passos Coelho é descrito como "um homem de família", alguém "racional, talvez frio" e "teimoso". Melómano, com voz de barítono, chegou a ter aulas com uma professora do Conservatório e até a inscrever-se num "casting" para um musical de Filipe La Féria."
@SAPO com Lusa


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