quinta-feira, julho 07, 2011

Morreu Maria José Nogueira Pinto



Sabia-se da doença.

Sabia-se, que manteve atividade política, de analista na SICnoticias, de colunista no DN até ao "limite" sem que deixasse transparecer o que quer que fosse do seu "estado", que sabia terminal.

Provavelmente, a sua inabalável fé cristã, a crença no seu Deus, foram-lhe arrimo mais que determinante neste passe da sua vida.

Faz pouco tempo (nós não nos conhecíamos) cruzei-me com ela, marido, e filha a sair de um táxi, que parou à porta da casa de família, ao Campo Grande.

A silhueta desta mulher d'armas, lutadora, corajosa, coerente parecia já cadáver adiado.

Mas manteve sempre o sorriso, que foi uma das suas mais temíveis armas, na disputa partidária, no confronto político.

Recordo-me dela Diretora da Maternidade Alfredo da Costa onde realizou, com a sua equipa, o melhor trabalho que alguma vez se efetuou em unidade do SNS.

Lembro-me dela Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa onde procedeu a um trabalho, digo sem me tremer a voz, o melhor que lá se realizou após o 25 de Abril.

Era uma mulher conservadora, mas tinha uma dimensão ética da vida e da sua responsabilidade na cidade como poucas pessoas que eu recorde.

Eu, desde que me lembre, desde que tenho consciência cívica e política, sempre estive no perímetro das esquerdas.

Maria José Nogueira Pinto, que eu me recorde, sempre se situou às direitas.

Era uma mulher honradíssima, que cultuava, antes da ética da convicção, um ética prática da responsabilidade.
 IN SAPO

Sem comentários:

Enviar um comentário